Pedra da Mina

Localiza-se na serra Fina, uma seção da serra da Mantiqueira, por sua vez uma das cadeias de montanhas mais importantes do país. A Pedra da Mina situa-se na divisa entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente ao seu norte e sul, e seu cume forma o ponto tríplice das divisas do município mineiro de Passa Quatro e dos paulistas de Lavrinhas e Queluz. O cume é ainda o ponto mais alto da serra da Mantiqueira e do Estado de São Paulo, e a segunda montanha mais alta de Minas Gerais.

Além de ser uma das montanhas mais altas do Brasil, a Pedra da Mina também se destaca por sua curiosa história (veja abaixo), já que apesar da sua elevada altitude e de localizar-se relativamente próxima a regiões densamente povoadas, até o início do século XXI a montanha era quase desconhecida. Também não se conhecia sua altitude exata e sua importância não era reconhecida até muito recentemente, mostrando assim que até mesmo no século XXI, a exploração geográfica ainda pode reservar surpresas. No caso da Pedra da Mina, estatísticas oficiais e livros escolares tiveram que ser corrigidos e surgiu um novo e popular destino de montanhismo e ecoturismo.

A Pedra da Mina não se localiza em nenhum parque nacional ou estadual, mas está incluída na Área de Proteção Ambiental Serra da Mantiqueira. Portanto, ainda assim conta com alguma proteção legal. Além disto, o lado paulista da montanha faz parte de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Etimologia

O nome da montanha deve-se ao fato de que quatro pequenos riachos brotam da montanha próximos ao seu topo.

Altitude

2.798 metros do nível do mar.

Clima

Clima Tropical de altitude

Ocorre principalmente nas regiões serranas do Espirito Santo, Rio de Janeiro e Serra da Mantiqueira. As temperaturas médias variam de 15º a 21º C. no inverno as temperaturas podem variar de grau negativo a 10º com muita facilidade. As chuvas de verão são intensas e no inverno sofre a influência das massas de ar frias vindas pelo Oceano Atlântico. Pode apresentar geadas no inverno.

Bioma

Mata Atlântica

A natureza exuberante que se estendia pelos cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados de Mata Atlântica na época do descobrimento marcou profundamente a imaginação dos europeus. Mais do que isso, contribuiu para criar uma imagem paradisíaca que ainda hoje faz parte da cultura brasileira, embora a realidade seja outra. A exploração predatória a que fomos submetidos destruiu mais de 93% deste “paraíso”. Uma extraordinária biodiversidade, em boa parte peculiar somente a essa região, seriamente ameaçada.

A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Originalmente estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul do país, com faixa de largura variável, que atravessava as regiões onde hoje estão as fronteiras com Argentina e Paraguai.

Espécies imponentes de árvores são encontradas no que ainda resta deste bioma, como o jequitibá-rosa, que pode chegar a 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Também destacam-se nesse cenário várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade da Mata Atlântica são encontradas matas de altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde a neblina é constante.

Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na região. A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção são originários da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Além desta lista, também vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc.

Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta.

Primeira ascensão

Historia

A primeira subida documentada da Pedra da Mina ocorreu em 1955, por um grupo de oito pessoas formado por iniciativa de quatro imigrantes alemães (Henning Bobrik, Gunther Engels, Felix Bernhard Hacker e Theodor Reimar Hacker). Eles haviam sido montanhistas alpinos em seu país natal, mantiveram o hobby quando vieram para o Brasil e decidiram explorar a então relativamente desconhecida serra Fina, que eles haviam avistado ao explorarem anteriormente o maciço do Itatiaia, que é próximo. Foram acompanhados pelo fazendeiro José Dias, de Passa Quatro, e três dos seus empregados (José Vidal, Geraldo Américo e Sebastião Pedro). O grupo decidiu abordar a serra a partir do lado mineiro, muito menos íngreme, e depois de quatro dias difíceis, com muito frio, chuva e neblina, os oito homens chegaram ao topo da Pedra da Mina, que eles identificaram corretamente como sendo o ponto mais alto da serra Fina, em 8 de julho de 1955. Com um barômetro, eles mediram uma altitude de 2718 m. A descida durou mais três dias.

Mais tarde, o relativo isolamento da serra Fina, que é desabitada, não é atravessada por nenhum passo ou estrada, tem relevo íngreme e é cercada de vegetação densa, manteve a área pouco conhecida, mal mapeada e raramente explorada até o final do século XX, a não ser por esporádicas expedições dos membros do pequeno Clube Alpino Paulista a partir da década de 1970. Os mapas antigos da região mostravam valores altamente discrepantes para a altitude da Pedra da Mina, desde 2437 m em algumas cartas aeronáuticas até 2770 m na carta topográfica oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a área, editada em 1974. Com efeito, em janeiro de 2000 um pequeno avião chocou-se com a montanha vizinha à Pedra da Mina, possivelmente devido a cartas aeronáuticas incorretas, matando seus quatro ocupantes. Os destroços ainda podem ser vistos na montanha, que por esta razão é hoje conhecida como Pico do Avião.

Novas medições de altitude e popularização (1999)

Nascer do sol visto do cume da Pedra da Mina. O maciço do Itatiaia pode ser visto ao fundo, à esquerda. Seu ponto mais alto, visível na imagem, é o pico das Agulhas Negras, que até 2000 se pensava ser o ponto mais alto da serra da Mantiqueira, mas que se descobriu então ser na verdade cerca de 7 metros mais baixo que a Pedra da Mina. Os dois picos ficam a aproximadamente 20 km de distância um do outro, em linha reta.

Lorenzo Bagini e USP (1999-2000)

Sem uma medição precisa das montanhas da serra Fina, até 1999 pensava-se que o ponto mais alto da serra da Mantiqueira era o conhecido pico das Agulhas Negras, com sua forma característica, no vizinho Maciço do Itatiaia, então com uma altitude oficial de 2787 m. Naquele ano, o hoje geógrafo Lorenzo Giuliano Bagini, na época ainda estudante de graduação da Universidade de São Paulo (USP), que também era montanhista e conhecia a região, suspeitou que a Pedra da Mina fosse mais alta do que se pensava, e mediu sua altitude por GPS, obtendo 2796 m. Isso tornaria a Pedra da Mina alguns metros mais alta que o pico das Agulhas Negras. Bagini notificou a universidade, que no ano seguinte acabou enviando uma expedição oficial à montanha, levando um equipamento de GPS profissional de altíssima precisão, e encontrou uma altitude um metro ainda mais alta que a anteriormente medida por Bagini.

Projeto Pontos Culminantes (2004)

No entanto, de acordo com as leis federais brasileiras, nenhum dado geográfico pode ser oficialmente aceito no país se não for publicado pelo IBGE. Embora a expedição da USP tivesse total credibilidade e não se duvidasse da precisão da sua medida, o IBGE está legalmente impedido de aceitar ou reconhecer quaisquer dados geográficos que não os seus próprios. Além disto, o IBGE usa parâmetros de georreferenciamento diferentes dos da USP. Esta foi uma das motivações para o IBGE lançar o Projeto Pontos Culminantes do Brasil, em associação com o Instituto Militar de Engenharia (IME), com o objetivo de medir com precisão a altitude das montanhas mais altas do país, utilizando a mais moderna tecnologia de GPS.

Assim, como partes do projeto, tanto a Pedra da Mina quanto o pico das Agulhas Negras (além de diversas outras montanhas) foram escalados em 2004 e suas altitudes medidas. A expedição conjunta mais uma vez confirmou que a Pedra da Mina de fato era alguns metros mais alta que o até então ponto culminante oficial da Mantiqueira, com 2798,39 m, contra 2791,55 m do pico das Agulhas Negras – uma diferença de 6,84 m. O IBGE logo revisou seus dados publicados para que estes refletissem a nova altitude oficial da montanha e sua posição no ranking das montanhas brasileiras.

Acesso

Trilhas do Paiolinho e Toca do Lobo.

Há duas rotas possíveis para a subida da Pedra da Mina. A montanha é quase sempre alcançada a partir do norte (ou seja, de Minas Gerais), de onde a rota mais curta e através de uma árdua trilha até o topo (com algumas partes mais íngremes de “escalaminhada”), acampando-se no cume ou próximo a ele e retornando-se no dia seguinte, começa numa fazenda junto ao bairro do Paiolinho, no município de Passa Quatro, a 1566 m de altitude.

Como alternativa, a Pedra da Mina também pode ser atingida como parte de uma caminhada mais longa de alguns dias (Travessia da Serra Fina) ao longo da crista da Serra Fina, alcançada por uma trilha mais a oeste que começa num local chamado “Toca do Lobo”, ao lado de uma fazenda também próxima de Passa Quatro. Essa caminhada termina no município mineiro de Itamonte, na rodovia BR-354. A travessia completa da Serra Fina pode ser feita nos dois sentidos.

Condições de acesso

Apesar do intenso frio para os padrões brasileiros, com frequentes temperaturas abaixo de zero grau Celsius e geada nos meses de inverno do Hemisfério Sul (maio a setembro), essa é a época recomendada para se subir à Pedra da Mina, já que o verão (outubro a abril) é também a estação chuvosa nesta parte do Brasil, o que torna as trilhas escorregadias e perigosas; relâmpagos também são um risco. Há poucas fontes de água potável, algumas delas de difícil acesso, e os montanhistas devem contar com isso em seu planejamento, especialmente na rota mais longa através da crista da Serra Fina. A escassez de água obriga os montanhistas a carregarem mais peso por causa da água que precisam levar, tornando a caminhada ainda mais exaustiva. Aconselha-se àqueles que farão sua primeira visita à Serra Fina que contratem um dos Condutores de Caminhada Credenciados disponíveis.

A Pedra da Mina e a serra Fina em geral já foram consideradas a região brasileira de montanha mais difícil para trilhas e escaladas, devido às características dessa serra – muito fria e inóspita, relativamente remota, com terreno irregular, clima instável (especialmente no verão), escassez de água potável e vegetação densa nas encostas, mesmo assim a área é hoje uma das mais visitadas pelos montanhistas brasileiros.

Turismo

O turismo vem se desenvolvendo muito desordenadamente com excesso de visitantes aos feriados e ninguém nos finais de semana fora da temporada. Na temporada que vai de Abril ate Setembro o movimento também aumenta e não existe controle, o que faz com que ocorra diversos pontos em estado bastante acelerado de degradação.

É altamente recomendado a contratação de Condutores de Caminhada Credenciados

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