Pedra do Baú, o registro de uma historia
Em São Bento do Sapucaí, onde está situada a Pedra do Baú, com seus 1.950, de onde podemos ter uma visão de 360 graus muito privilegiada de boa parte da Serra da Mantiqueira. Do alto avistamos, a própria São Bento de um lado e boa parte de Campos do Jordão do outro lado.
A fama do lugar se deve aos irmãos Cortez, mais principalmente na figura de Antônio Cortez fascinado em desafiar as alturas e primeiro homem a conquistar o topo da pedra juntamente com seu irmão e mais uns amigos. Ao contar na cidade tamanha façanha realizada muitos cidadãos não acreditaram na conversa, então novamente Antônio Cortez resolveu subir até o topo mas desta vez, uma grande multidão o acompanhou até um certo ponto no pasto mais abaixo e aguardou a sua subida. Do Alto acenou com um pano branco que havia levado, pronto foi dada a senha para que a sua fama se espalha-se por toda a região.
Com toda fama adquirida por Antônio Cortez, sua façanha chegou aos ouvidos do Dr. Luiz Dumont Villares, grande empresario paulista que propôs ao irmãos que o levassem até o topo. Bom o resto da historia você poderá conhecer pessoalmente participando de nosso passeio.
Venha desafiar também a sua capacidade e dominar o seu medo na subida deste grande bloco de pedra. O friozinho da barriga vai se transformar em um enorme prazer ao final desta conquista. Vem você pode também chegar ao topo e fazer novos Amigos.
Etimologia
Altitude
1.950 metros
Clima
Clima Tropical de altitude
Ocorre principalmente nas regiões serranas do Espirito Santo, Rio de Janeiro e Serra da Mantiqueira. As temperaturas médias variam de 15º a 21º C. no inverno as temperaturas podem variar de grau negativo a 10º com muita facilidade. As chuvas de verão são intensas e no inverno sofre a influência das massas de ar frias vindas pelo Oceano Atlântico. Pode apresentar geadas no inverno.
Bioma
Mata Atlântica
A natureza exuberante que se estendia pelos cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados de Mata Atlântica na época do descobrimento marcou profundamente a imaginação dos europeus. Mais do que isso, contribuiu para criar uma imagem paradisíaca que ainda hoje faz parte da cultura brasileira, embora a realidade seja outra. A exploração predatória a que fomos submetidos destruiu mais de 93% deste “paraíso”. Uma extraordinária biodiversidade, em boa parte peculiar somente a essa região, seriamente ameaçada.
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Originalmente estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul do país, com faixa de largura variável, que atravessava as regiões onde hoje estão as fronteiras com Argentina e Paraguai.
Espécies imponentes de árvores são encontradas no que ainda resta deste bioma, como o jequitibá-rosa, que pode chegar a 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Também destacam-se nesse cenário várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade da Mata Atlântica são encontradas matas de altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde a neblina é constante.
Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na região. A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção são originários da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Além desta lista, também vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc.
Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta.
Primeira ascensão
Pode-se dizer que existe um marco na história do Baú, que é o ano de 1940. Até esta data, não há registro histórico de que alguém tenha conseguido chegar ao seu topo, esta proeza se deu com dois irmãos sambentistas extremamente corajosos e determinados: os “irmãos Cortez” Antônio Teixeira de Souza e João Teixeira de Souza. Ambos eram conhecidos como Cortez devido ao sobrenome da avó paterna, dona Gertrudes Eufrosina Cortez.
Após sonhar com o grande feito desde a infância, foi precisamente no dia 12 de agosto do ano de 1940, quando o irmão mais velho (Antônio) já contava 51 anos de idade, que ele e, logo em seguida, o caçula (João) tiveram a honra de descortinar o topo da enorme pedra granítica.
Existem ao menos duas versões sobre um sonho relatado por Antônio antes de conseguir escalar a Pedra. O fato é que, após um sonho, ele decidiu fazer a tentativa pela face Sul (voltada ao bairro do Baú), onde é possível se comprovar, nos dias atuais, que a subida é um pouco menos íngreme, mais arborizada, a rocha menos nua. Ainda assim, foi necessário vencer obstáculos como paredões de rocha lisa de, aproximadamente, oito metros de altura, intercalado com matas onde se encontravam plantas com espinhos que, vez ou outra, rasgavam suas vestes e faziam cortes em suas peles. Utilizaram o tronco de uma árvore e as próprias mãos apoiadas às “trincas” ou “fissuras” da rocha. E foi desta forma que, primeiro Antônio e depois João chegaram pela primeira vez ao topo da famosa e cobiçada Pedra.
Após a subida dos dois irmãos, Antônio levou também sua esposa, que ficou conhecida como a primeira mulher a subir a Pedra, e também seus filhos. Finalmente, aos 22 de junho de 1945 foi registrada a primeira descida de Antônio Cortez pela face norte, com cordas (o rapel daquela época).
Oficializando
É perfeitamente compreensível que tenha sido difícil acreditar no sucesso desta empreita àquela época. Mesmo diante de tamanha euforia, seria necessário provar diante de outros olhos que a Pedra do Baú não era mais um local inexplorado e que, finalmente, muitos poderiam realizar o sonho de conhecer seu topo, observar São Bento e a região do alto, matando uma curiosidade que é intrínseca ao ser humano. Para tanto, uma nova data foi marcada para que uma caravana acompanhasse os irmãos na segunda escalada, para testemunharem o feito. Na primeira subida, apenas alguns poucos matutos da redondeza presenciaram, incrédulos, e seus familiares os receberam de volta felizes por estarem sãos e salvos.
Marcaram a nova escalada para o dia 19 de agosto de 1940. Foram reunidas autoridades sambentistas da época e convidados de São Bento e outras cidades vizinhas. Conforme relatos, foi por volta de 12h que os irmãos apontaram sobre a Pedra e hastearam uma bandeira do Brasil, enquanto os expectadores aplaudiam entusiasmados do Bauzinho. A banda da cidade ali presente também tocou o Hino Nacional. Neste mesmo ano era comemorado o cinquentenário da instalação da Comarca e, em edição especial, o jornal local Correio de São Bento, fundado por Plínio Salgado, incluiu um artigo sobre a conquista do cimo do Baú, de autoria e redação de José Vicente Costa, escrivão da polícia. Na sequência, a notícia chegou à capital paulista e se espalhou por outras regiões do Estado, sendo divulgada em outros jornais. Nestes anos de turbulência política do governo de Getúlio Vargas, em regime do Estado Novo, o estado de São Paulo era governado sob intervenção federal por Adhemar Pereira de Barros, que recebeu a notícia através de um telegrama.
Villares, grampos e o primeiro Refúgio de Montanha do Brasil
No ano de 1943 teve início a construção das famosas escadinhas. Alguns degraus feitos de ferro, outros de pedra quebrada. O transporte nos ombros dos trabalhadores. Seiscentos e dois degraus no final. Como tudo começou? Bem, de alguma forma, Antônio Cortez conheceu um certo Dr. Luiz Dumont Villares, o que não se sabe ao certo nos dias atuais por existirem duas versões para este primeiro encontro. O fato é que nasceu uma importante amizade entre os dois, que rendeu bons frutos, no final das contas, ao município. Conta-se até mesmo que o Sr. Villares, além de patrocinar a construção das escadinhas, ajudou financeiramente o amigo até o final de seus dias.
Luiz Dumont Villares era sobrinho de Alberto Santos Dumont. Tornou-se um grande amigo de São Bento por seus feitos que incluem, além dos benefícios à Pedra, a fundação do Acampamento Técnico Educacional Paiol Grande, hoje Acampamento Paiol Grande. Em 1956 recebeu o título de Cidadão Honorário deste município. Engenheiro eletricista de formação, aos vinte e dois anos ingressou na firma Pirie, Villares & Cia., substituindo seu irmão Carlos, cofundador nesta empresa que inicialmente produzia elevadores, escadas rolantes e motores elétricos, desde 1918. Em 1944, Luiz funda a Villares Metals, que está no mercado até os dias de hoje. A empresa atualmente atua em vários segmentos no mercado e ainda contém parte de seu capital composto por ações de descendentes dos fundadores.
As escadas e o Refúgio de Montanha foram construídos na mesma época. Luis Villares comprou terras do entorno da Pedra para garantir o acesso às pessoas. Esta informação pode ser comprovada em registros de cartório. Em seguida, Villares contratou a construtora “Floriano Rodrigues Pinheiro”, que levava o material para a construção do abrigo até onde havia caminho para o caminhão, depois os animais de carga faziam o restante do trajeto até a base da Pedra. A partir de 30 de agosto de 1943, foram instaladas as escadas da face sul (lado do bairro Baú) e em momento posterior, as da face norte (Paiol Grande).
No dia 1º de abril de 1945 foi feita a demarcação da casa, que deveria ocupar um espaço de 4m de largura por 14m de comprimento. No dia 10 de abril, houve o início das obras: pedras do alto do Baú foram dinamitadas para os alicerces, e os outros materiais necessários à obra foram transportados por uma bica de tábua, puxada por carretilhas pedra acima e pelos ombros dos funcionários. Para concluir a obra o tempo gasto foi de um ano e dez meses.
Infelizmente, o Refúgio logo após ter sido inaugurado já começou a sofrer os danos do vandalismo. Pouco depois de inaugurado, um grupo de visitantes que lá havia pernoitado atirou nas paredes e no livro de assinaturas que havia no local, preso por uma corrente de aço inoxidável, para o registro dos visitantes. A ocorrência foi feita na Delegacia e houve um acordo em que os réus pagaram as despesas do conserto, porém, o livro dos visitantes nunca mais foi visto após este incidente. Ao longo dos anos, o vandalismo continuou até que, na década de 1980, havia apenas a chaminé da lareira e os alicerces. Hoje, podemos observar apenas partes do alicerce.
A Pedra hoje
Desde o ano de 2010, o complexo rochoso da Pedra do Baú foi instituído Monumento Natural Estadual, com gestão compartilhada entre o município de São Bento do Sapucaí – gestão municipal, por sua localização geográfica – e pela Fundação Florestal – gestão estadual. Existe ainda um Conselho do MoNa Pedra do Baú, composto por dez conselheiros e seus respectivos suplentes, ou seja, além de uma gestão compartilhada, regida por uma Lei específica, ainda existe um grupo de pessoas de diferentes segmentos preocupados com o uso público, a gestão ambiental e a aplicação dos recursos provenientes da Taxa de Conservação. É preciso paciência para vislumbrar grandes avanços no local, uma vez que a máquina pública tem seus entraves, entretanto, melhorias têm sido feitas ao longo destes últimos anos. Breve estará em execução a construção da guarita e dos sanitários de alvenaria, para organizar melhor a recepção aos turistas na portaria; já é previsto o Plano de Manejo para o ano de 2017, pela Fundação Florestal; a manutenção das escadas será feita para oferecer maior segurança e o acesso aos não escaladores; placas informativas existem no local; a Femesp – Fundação de Montanhismo do Estado de São Paulo está trabalhando junto ao Conselho e aos gestores para, futuramente, implantar o Museu do Mona, com o intuito de manter vivo o aspecto histórico-cultural da localidade, resgatando toda a história da Pedra e ainda com foco educacional e informativo. Além do museu, estão previstos o Centro de Visitantes com souvenires e a oferta de cursos e treinamentos.
Vale a todos os apaixonados pela Pedra do Baú – tanto os escaladores quanto os turistas e visitantes locais – sonhar com tudo o que é possível, desde que ecologicamente e socialmente correto e sustentável, que não deprecie o ambiente e sua memória, bem como possa promover benefícios ao turismo e à comunidade.
Não nos esqueçamos ainda dos grandes homens que escreveram as páginas iniciais desta linda saga do Baú: os irmãos “Cortêz” Antônio e João Teixeira de Souza, de quem ninguém pode tirar o mérito de terem sido os pioneiros a escalar a Pedra, abrindo caminho a nós que estamos aqui hoje e o Sr. Luiz Drumond Villares, grande amigo desta cidade que foi o bem feitor das obras que facilitaram a subida a todos quantos queiram admirar a bela vista do alto. Aos operários que arriscaram suas vidas nesta árdua tarefa de afixar as escadas e os grampos na rocha e ousaram vencer a gravidade para construir um refúgio no local mais improvável, nossos aplausos. Às primeiras mulheres e crianças que subiram antes das escadinhas, aos familiares que ficavam apreensivos a cada subida dos irmãos e dos operários, nossa admiração. A todos estes homens bravos e de coragem, somos eternamente gratos.
Texto: Jane Soldtner
Fotos: extraídas do livro “Pedra do Baú – um mito, uma maravilha, uma justiça”, de Isaura Aparecida de Lima Silva.
Nota: a principal referência para este compilado foi a obra “Pedra do Baú – Um mito, uma maravilha, uma justiça”, da autoria de Isaura Aparecida de Lima Silva. Outras informações que aparecem no texto foram buscadas em sites da internet ou coletadas com munícipes.
Acesso
A Pedra do Baú está localizada em São Bento do Sapucaí. Veja abaixo a distância da Complexo da Pedra Baú da capital de São Paulo e de outras cidades da Serra da Mantiqueira.
- São Paulo Capital – 196 Km.
- Santo Antônio do Pinhal – 51 KM.
- Campos do Jordão – 24,2 Km.
- Centro de São Bento do Sapucaí – 23,8 KM.
Pra chegar a Pedra do Baú é necessário utilizar o carro, pois não existe linhas de ônibus que cheguem até o complexo.
Turismo
Um lugar como poucos na Serra da Mantiqueira onde o turismo ocorre de forma muito ordeira e com segurança.
Com a criação do parque Monumento Natural Pedra do Baú (MONA Baú) a subida até o topo passou a ser realizada com regras amplamente divulgadas e registradas no site da prefeitura de São Bento do Sapucaí.
É obrigatório o uso de equipamentos de segurança e altamente recomendado a contratação de Condutores de Caminhada Credenciados